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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Sobre Odonto


As principais razões pelas quais há grande necessidade dessa prática são: 
Nós modificamos os hábitos e os padrões alimentares dos equinos através da domesticação e do confinamento, em outras palavras, cavalos, na natureza se alimentam até 18 horas por dia, pastejando diversos tipos de forrageiras, arrancando o capim do chão; o oposto do que acontece hoje em dia, principalmente quando se trata de cavalos estabulados, que, via de regra, apresentam mais doenças odontológicas que cavalos que vivem em sistema extensivo.  
   Nós freqüentemente selecionamos animais para reprodução sem considerar a dentição, perpetuando, assim, a transmissão de características indesejáveis. 
E nós exigimos cada vez mais de nossos cavalos de performance, iniciando-os em esportes ainda jovens. Cavalos com 2 ou 3 anos de idade estão apenas iniciando seus processos de erupção e troca dentárias e ajuste.  Os dentes permanentes só estarão todos na cavidade oral e em plena  oclusão quando o cavalo tem cerca de 5 anos de idade.  
Resumindo: a criação e o manejo dos cavalos interferem nos processos odontológicos naturais, que demoram anos, propiciando afecções na cavidade oral.
É fácil imaginar o Michael Phelps morrendo de dor de dente e tendo que nadar por horas !!!!! Ou aquela mocinha, que tem uma "janela" na boca e os dentes tortos e amarelados ... duro de encarar, hein???? 
   A odontologia Equina é de suma importância na saúde e no desempenho atlético dos cavalos. Cavalos no mundo todo estão se beneficiando dos tratamentos dentários, tornando esta área da medicina veterinária parte essencial na preservação da saúde dos cavalos. Nas hípicas, manéges, centros de treinamento e haras, hoje em dia, a visita de um dentista de cavalo é comum e várias são as raças que já incorporam o exame odontológico na rotina dos cavalos.  
A atuação nesta área é exclusiva do médico veterinário, e necessita de conhecimentos de anatomia, fisiologia, farmacologia, clínica médica e técnicas cirúrgicas.
Distúrbios gastrointestinais como cólica, perda de peso, descarga nasal, aumentos de volume na face ou na mandíbula, fístulas faciais, dificuldade na mastigação, acúmulo de alimento na boca e até problemas considerados de temperamento ou doma, como, por exemplo, reações à embocadura e relutância em flexionar o pescoço, podem estar relacionados com afecções da cavidade oral. 


                          
Conforto e eficiência

A odontologia equina está se desenvolvendo muito, vem sendo estudada mais profundamente nos últimos anos. Vários estudos estão sendo realizados para que possamos ajudar os cavalos ainda mais. 

O papel do dentista na doma é essencial, pois o desconforto promovido pelos processos naturais de erupção e troca dentária, acrescidos do início do uso da embocadura, torna o trabalho do treinador e o aprendizado do potro mais difíceis e estressantes. Em todos os estabelecimentos onde os potros são tratados durante este processo, os resultados são gratificantes ! O mesmo acontece com os cavalos adultos de performance, pois excesso de pontas dentárias, que podem lesionar as bochechas e língua, e maloclusões que bloqueiam os movimentos  de deslizamento da mandíbula até o posicionamento do pescoço, podem causar sérias consequências para o cavalo, como dores na nuca e em toda a extensão da coluna. 
Cólica, queda na performance atlética e perda da condição física podem estar diretamente relacionados à saúde oral do cavalo.
Os problemas mais comumente encontrados nos exames orais são:

 Pontas de esmalte ou pontas dentárias são normalmente encontradas em todos os cavalos, porém, quando em excesso, podem lesionar as bochechas e a língua, causando dificuldade mastigatória e desconforto com o uso de cabeçada e embocadura, que empurram as bochechas e a língua contra os dentes.
Maloclusão, ou seja, uma relação anormal entre os dentes superiores e inferiores, que pode causar formações pontiagudas, como excesso de pontas de esmalte, bicos, ganchos e desnivelamentos, como rampas e degraus nos dentes. Necessitam de nivelamento e ajuste, pois podem machucar as partes moles da boca, causar problemas nas articulações têmporo-mandibulares, propiciar estresse dental que leva a fraturas, e desconforto do animal durante a mastigação e o trabalho.
Dente do lobo. Este dente é vestigial, não tem função na mastigação, mas pode ferir as bochechas, a língua, e/ou entrar em choque com o bridão, podendo ser extremamente desconfortável. Este dente pode ser reduzido ou extraído conforme sua posição e tamanho e conforme a utilização ou não de embocaduras. Geralmente são encontrados na parte superior da barra e erupcionam com cerca de 6 - 10meses de idade.
Desordens de erupção. Dentes decíduos (de leite) impactados são mais comuns do que se pensa, e necessitam de extração, pois podem causar distúrbios na erupção dos dentes permanentes, doença periodontal, periapical e dor. 
Fraturas dentárias. Fraturas são comumente encontradas no exame da cavidade oral de cavalos. Podem ser bem pequenas, sem maiores consequências, ou podem atingir quase toda a coroa clínica (porção da coroa do dente que se encontra na cavidade oral). Fraturas com fragmentos deslocados podem causar dor nas bochechas e na língua prevenindo o cavalo de se alimentar ou mesmo beber água adequadamente. Fraturas podem acarretar exposição e eventual contaminação da polpa dentária com consequente doença endodôntica, formação de abscesso periapical e doença periodontl. Devem ser cuidadosamente exploradas e tratadas de acordo com a gravidade.
É muito importante que se inicie os exames orais nos potrinhos o quanto antes, pois algumas vezes podemos observar problemas que podem ser resolvidos quando o animal é ainda jovem, prevenindo desordens que podem ser determinantes no seu desenvolvimento, assim como em exposições e competições.
O cavalo pode reagir ao desconforto e à dor jogando a cabeça para o alto, balançando a cabeça, mordendo a embocadura, com falta de apoio, sendo "pesado" e "duro na boca", dificultando manobras para os lados, ou de qualquer outra forma que encontrar para rejeitar a embocadura e ou movimentos, principalmente de flexão de pescoço.
Cavalos que estão em constante manutenção apresentam melhor mastigação, consequentemente, melhor digestão, aproveitando melhor o alimento e diminuindo o risco de cólica. Além disso, há o conforto e a cooperação percebidos na hora de montar, o que costuma acontecer logo nas primeiras vezes em que o cavalo é montado. 
Na minha experiência, as influências da saúde oral dos cavalos podem ir desde alterações no sistema digestório (ex: mastigação deficiente, cólica, diarréia, perda de peso),  causar doenças músculo esqueléticas (masséteres, nuca, coluna), sobrecarregar o sistema imunológico (infecção dentária crônica) e, talvez, como em seres humanos, causar endocardite bacteriana.

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Carla